Arqueologia da imaginação

Este trabalho tem como proposta uma espécie de arqueologia da imaginação tomando Michel de Montaigne como ponto de partida. “Da força da imaginação”, de Michel de Montaigne, é um ensaio que contém essa tarefa. Fundamental para constituir o ensaio enquanto gênero, a imaginação, chamada posteriormente por Charles Baudelaire de “a rainha das faculdades”, pode ser lida como um operador de montagem, uma força que desloca continuamente o saber para além dos limites modernos da classificação. Quando Montaigne fala de “força”, há uma implicação que toca os efeitos fisiológicos da imaginação, atuando não apenas contra o próprio corpo, mas contra outros corpos, seja de animais humanos ou não humanos, Daí que esse ensaio aproxime-se de outro, possivelmente do mesmo ano, 1572, “que filosofar é aprender a morrer”.
Eduardo Jorge (UFMG)