Considerações sobre a Educação no pensamento de Montaigne

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a visão de Michel de Montaigne sobre a Educação. A leitura dos ensaios Da educação das crianças e Da afeição dos pais pelos filhos ofereceu elementos relevantes das concepções pedagógicas do filósofo. Montaigne condenou a educação tradicional de seu tempo, entre outros aspectos, pela rigidez que impede os movimentos livres da inteligência. Os preceitos pedagógicos pautados na lição e disciplina perdem de vista que aprender não significa assimilar um conhecimento acabado e sim buscar seu sentido e substância. Aprendemos quando somos também capazes de mudar o aspecto e a forma daquilo que nos foi dado a conhecer. A melhor forma de educar os jovens deve levar em consideração que os homens são naturalmente diferentes uns dos outros pela inteligência e o temperamento, portanto, é necessário ensinar segundo as disposições naturais. Mas tal objetivo é complexo e trabalhoso, pois os homens enredados nos costumes e tradições culturais facilmente mascaram suas tendências naturais. Dada esta dificuldade, Montaigne considera que os primeiros raciocínios que se deve ensinar a uma alma jovem são os que lhe “ensinarão a conhecer-se, a saber viver e morrer bem”. Com a inteligência formada neste aspecto ele será capaz de aprender a ciência que escolher. Cabe a filosofia esta missão, pois ela como “formadora da inteligência e dos costumes, tem o privilégio de se misturar a tudo”. A filosofia ensina o homem a conhecer e moderar suas disposições naturais, portanto, em todas as idades o homem pode dela tirar proveito.  As lições sobre educação mostrarão seu valor, na medida em que possam ser traduzidas em ações e aplicadas nos atos da vida. O pensamento de Montaigne sobre a temática em questão convida a refletir sobre a necessidade da autoformação do indivíduo como base para a construção de todo conhecimento futuro.
Juçara dos Santos Nascimento (UFSCAR)